segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Moro num silêncio..............


Moro, há tanto tempo, num silêncio...
alguns dias povoado do riso das crianças
que jogam bola na quadra ao lado,
mas junto a mim, até o bater do meu coração
algumas vezes, posso escutar....
Gosto dele quando me permite ler e pensar.
Entro no silêncio que me machuca, quando se segue
a um riso meu que morre, nem bem nascido,
quando faço um alegre comentário, interrompido:
- " Fale baixo, estou calculando!"
E eu, escuto o que sinto e entendo:
- " Não vê que tua voz interrompe meu pensamento!
Quieta! Finge de morta e depois te procuro
para servir-me tua alegria em bandeja de prata."
Então, me parece que este silêncio é tão grande
como um tapa na cara da minha alegria e
que vai me calar para sempre,
embora minha voz ainda reclame, para ver se assim
transforma teu gesto numa coisa qualquer,
como se fora só mais um momento banal.
É mais fácil digerir banalidades,
compreender imperfeições, intolerâncias da idade,
perdoar indiferenças maquiadas de "foi sem querer"...
E logo mais vem você, feito cão desajeitado
em busca do prato de biscoitos, embora, de minha boca,
o silencio da tua muralha tenha engolido o sorriso espontâneo.
Moro num silêncio com tantos significados...
mergulho nele por vezes, embora ouça a vida ao redor,
porque quero... quando é meditação,
encontro com Deus, benção, oração...
e nestes momentos, dissolve-se a muralha,
quase encontro também minha alma perdida,
sinto morno o coração.
Moro num silêncio......que até os ecos engole!
e que eu não queria ver povoado
por pessoas estranhas, mas pelo amor que acolhe!
Há um tipo de silêncio aqui, fruto do valor que suas coisas
tem para você, que me faz sentir falta da alegria
que é um desejo meu, antigo, quase perdido.
Moro num silêncio que as vezes interrompo
com garra, com a força da vida que vive em mim,
porque sou teimosa- quero viver bem, mas mesmo assim
nestes anos todos, ele me enfraqueceu.
Moro num silêncio, que as vezes me permite sonhar
e quase toco nele - no meu sonho- e se me fosse possível
esperar ver o desejo um dia realizado,
e nunca mais me sentir naquele silêncio de morte,
ah! este seria meu momento de silêncio encantado!

foto/texto: vera alvarenga

domingo, 22 de novembro de 2015

Nunca mais?!


Nunca mais ver-te,
nunca mais a chance de conhecer-te?
Nunca mais... nunca mais
meu corpo como um veleiro
antes à deriva,
tremer de prazer e contentamento
com tua presença e a promessa,
como aquele que navega
em águas calmas, mas pressente
a chegada do vento fresco
e o movimento vivificador
das ondas do mar...

vera alvarenga

domingo, 15 de novembro de 2015

Vento...Foste tu ?


Foste tu que o levaste pra longe?
Se soubesse que virias tão forte
e incontido, ó vento inesperado,
que como o tornado deixa à mostra
até as raízes em teu caminho,
eu teria fechado as janelas.
De fato, eu mesma me teria trancado!
Mas como resistir ao teu primeiro afago
que como brisa perfumava o ar?
Carinho inconscientemente tão desejado
que me fez novamente sonhar...
Para onde o levaste? Conta me !
Peço, sem lágrimas pra chorar,
apenas o triste vazio foi o que ficou
depois que tua mão o arrancou..de mim.
Preciso saber. É lá onde está
que se encontra também meu sorriso,
a alegria sincera, a tolice de crer.
Em alguns dias,
por algumas horas no começo da noite
é bem difícil seguir sozinha.
Ah sim, eu sei onde estão
as lembranças do passado,
sei onde está toda a vida e tudo o que é.
Só não sei para onde tu levaste meu coração.

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