Sempre amara aquele seu jardim. Sempre cuidara dele como um local sagrado. Mas já chovera tanto! e o vento tinha virado ventania! Agora tudo estava calmo, mas havia no ar um cheiro de algo que morria...
Então, aquelas mãos que já foram tão delicadas, que já tocaram um violão como dizia aquela canção, romperam as entranhas em busca do coração daquela flor, que não conseguiria brotar mais no solo encharcado e pobre. Rasgaram o solo à procura. E no meio do barro, às cegas, apalparam até o encontrar.... e ao sentir que, das entranhas daquela terra mal nutrida e pobre, havia ainda um coração, arrancou-o com delicadeza, ainda que por entre os dedos escorresse o sangue da terra, e foi buscar outro lugar onde plantá-lo.
foto/texto:vera alvarenga