Outro dia comentei com uma amiga, que não costumava sentir saudades dos lugares que deixei, porque já mudei tantas vezes de bairro e cidades, que aprendi a me desapegar. Não tive tempo de concluir que desta vez, começo a sentir falta sim, de algumas coisas que tinha, no tempo em que morava na última cidade, Sorocaba.
Claro, em todas houve algo bom. Florianópolis, o mar azul e lindo na praia onde caminhava nos finais de tarde, quando tinha tempo. Sensação boa andar descalça na areia, água molhando os pés, vendo aquele mundaréu de mar...na praia quase deserta.
Esta noite sonhei que estava nadando numa piscina não muito funda, portanto, não tinha medo. Ia livre, como quando nadava em Birigui, sem tantos atrás de mim a forçar-me a um ritmo mais rápido do que aquele que me faz bem. Lembrei saudosa do clube daquela cidade. Piscina enorme e aquecida, cercada de coqueiros, onde eu decidi que aprenderia a nadar, mesmo sozinha. Observava outros e o salva-vidas e aprendi, no meu ritmo. Foi uma saborosa vitória pessoal.
A gente pode estar numa daquelas fases em que tudo parece nos levar para baixo e então, decide aprender a nadar, soltar o corpo e se manter acima
d´água! Uma forma de vencer, em parte, o desafio.
Nestes momentos pode acontecer de a gente conhecer alguém que aparece no meio da escuridão e brilha, pra nós, como uma estrela. Por esta pessoa amiga, a gente é capaz de sentimentos que dão sentido à vida. Porque já fomos capazes destes mesmos sentimentos, descobrimos que ainda somos. Nosso olhos e peito se enchem de amor, porque já temos este sentimento dentro de nós.
De algum modo, por mais triste e nostálgico que se torne um dia, é belo e ficará conosco como ternura a nos lembrar que o que sentimos é uma escolha entre as sementes de nosso coração.
Não se cria a beleza do nada. Já está lá, nós a dedicamos a outro ou a reconhecemos nele, ou ainda, por sentirmos falta de ver seus frutos, projetamos o desejo de a ver brotar de novo, fora de nós e para nós refletindo sua luz.
Sinto falta de poder pegar o carro e ir, mesmo sozinha, sem depender de outra pessoa que queira o mesmo que eu, para alcançar meu objeto de prazer. Em Sorocaba, após 20 minutos no máximo, eu chegava a um dos três lugares bucólicos, como o Zoológico, ou o clube de campo do SESI, ou o Parque do Campolim, para caminhar com segurança, relaxar e tirar fotos. Isto, aproveitei.Teria chegado aos cinemas em 10 minutos. Isto me escapou! Pois pensava que ir a certos lugares é como fazer sexo. Melhor a dois. Tem mais graça com companhia. Aqui em São Paulo é impossível demorar menos de 1 hora para chegar a qualquer destino. É preciso muita coragem para ir sozinha, e sorte para encontrar lugar para estacionar! Ter companhia já seria exigir demais!.rs..Então, não vou, ou não há onde ir.
Preciso descobrir como me encaixar aqui, voltar a meditar para recarregar baterias. Minha querida cidade natal, é uma cidade social mas solitária, rica e pobre, onde não é seguro andar sozinha num parque ou à noite, para se ir ao teatro, embora haja muitos.Cheia de contradições. É necessário que eu reaprenda o mapa, vá de carro a um estacionamento, para então aprender a andar de trem e depois de metrô, se quiser fazer um simples curso de fotografia! É uma cidade para jovens. Demora-se até 1 h. e meia para se chegar ao médico, mesmo que haja muitos. Nunca pensei voltar e se o fiz, não foi por saudades da vida cosmopolita, mas acompanhando família/netos, estes sim, uma motivação forte. Então, ainda preciso de tempo para me acostumar com isto. Sinto saudades da liberdade de ter ao alcance o contato com uma vida mais natural - aqui, o natural é passear no Shopping ou fazer compras! Que bom estar aposentada e poder me adaptar aos horários menos piores para o trânsito. A maioria aqui, não tem esta escolha. Me acomodei ao meu sossego,embora não goste de isolamento. Por isto gostei de Sorocaba, é um bom meio termo. Talvez deva aprender agora a andar esbarrando na multidão! Antigamente, esta era uma cidade onde as pessoas não podiam perder tempo, hoje, perdem muito tempo no trânsito e aprenderam a ter paciência. Eu, preciso aprender a nadar mais depressa, se não quiser me afogar, ou passar a fazer musculação!
Ainda bem que valorizei o que pude, do que tinha de bom, a cada tempo. Agora, é buscar adaptar-me.
Sem dúvida, pior do que sentir falta de coisas é sentir falta de alguém, que antes representava uma promessa, ponte, apoio, ou companhia e que de repente podemos nunca mais ver, ouvir, ou ter notícias.
Dizem que sentir saudades é algo mais leve do que nostalgia. Esta traz tristeza e abatimento em graus mais ou menos profundos, causados pelo afastamento de coisas ou pessoas que a gente ama e pelo desejo de as tornar a ter/ver.
Se é saudades ou nostalgia e se isto depende da profundidade do sentimento,não importa, só sei que às vezes, esta falta, eu a sinto lá nos ossos... profundamente, portanto. De uma pessoa, não de coisas.Coisas a gente substitui. Pessoas, acolhe e guarda na alma. E sente nostalgia, que vem como ondas do mar. Diferente, para cada um. Diferente em cada praia. Não era hábito meu sentir nostalgia de pessoas, do passado. Este sentimento me ligava a um amor idealizado, completo e belo, talvez divino e do qual, temos sorte em ter amostras. E as tenho.
"Se sinto falta, é porque já fui feliz com algo ou alguém que me fazia bem, e hoje não tenho ao alcance das mãos."
"Se tenho profundas saudades de você ou de como me sentia em sua presença, é porque já conheço este intenso sentimento."
Hoje, acordei saudosa de coisas simples e boas, e depois me aprofundei na nostalgia de um sentimento bom...de qualquer forma, olho ao redor e espero encontrar aqui, novamente um lugar onde possa de vez em quando me sentir "em casa", e enquanto isto não ocorre, pego um chocolate e um livro, e vou saborear cada um, do jeito que mais gosto.... feliz por poder fazê-lo.
Fotos e texto: Vera Alvarenga
E uma música linda com Vanessa da Mata... "Amado".
Claro, em todas houve algo bom. Florianópolis, o mar azul e lindo na praia onde caminhava nos finais de tarde, quando tinha tempo. Sensação boa andar descalça na areia, água molhando os pés, vendo aquele mundaréu de mar...na praia quase deserta.
Esta noite sonhei que estava nadando numa piscina não muito funda, portanto, não tinha medo. Ia livre, como quando nadava em Birigui, sem tantos atrás de mim a forçar-me a um ritmo mais rápido do que aquele que me faz bem. Lembrei saudosa do clube daquela cidade. Piscina enorme e aquecida, cercada de coqueiros, onde eu decidi que aprenderia a nadar, mesmo sozinha. Observava outros e o salva-vidas e aprendi, no meu ritmo. Foi uma saborosa vitória pessoal.
A gente pode estar numa daquelas fases em que tudo parece nos levar para baixo e então, decide aprender a nadar, soltar o corpo e se manter acima
d´água! Uma forma de vencer, em parte, o desafio.
Nestes momentos pode acontecer de a gente conhecer alguém que aparece no meio da escuridão e brilha, pra nós, como uma estrela. Por esta pessoa amiga, a gente é capaz de sentimentos que dão sentido à vida. Porque já fomos capazes destes mesmos sentimentos, descobrimos que ainda somos. Nosso olhos e peito se enchem de amor, porque já temos este sentimento dentro de nós.
De algum modo, por mais triste e nostálgico que se torne um dia, é belo e ficará conosco como ternura a nos lembrar que o que sentimos é uma escolha entre as sementes de nosso coração.
Não se cria a beleza do nada. Já está lá, nós a dedicamos a outro ou a reconhecemos nele, ou ainda, por sentirmos falta de ver seus frutos, projetamos o desejo de a ver brotar de novo, fora de nós e para nós refletindo sua luz.
Sinto falta de poder pegar o carro e ir, mesmo sozinha, sem depender de outra pessoa que queira o mesmo que eu, para alcançar meu objeto de prazer. Em Sorocaba, após 20 minutos no máximo, eu chegava a um dos três lugares bucólicos, como o Zoológico, ou o clube de campo do SESI, ou o Parque do Campolim, para caminhar com segurança, relaxar e tirar fotos. Isto, aproveitei.Teria chegado aos cinemas em 10 minutos. Isto me escapou! Pois pensava que ir a certos lugares é como fazer sexo. Melhor a dois. Tem mais graça com companhia. Aqui em São Paulo é impossível demorar menos de 1 hora para chegar a qualquer destino. É preciso muita coragem para ir sozinha, e sorte para encontrar lugar para estacionar! Ter companhia já seria exigir demais!.rs..Então, não vou, ou não há onde ir.
Ainda bem que valorizei o que pude, do que tinha de bom, a cada tempo. Agora, é buscar adaptar-me.
Dizem que sentir saudades é algo mais leve do que nostalgia. Esta traz tristeza e abatimento em graus mais ou menos profundos, causados pelo afastamento de coisas ou pessoas que a gente ama e pelo desejo de as tornar a ter/ver.
Se é saudades ou nostalgia e se isto depende da profundidade do sentimento,não importa, só sei que às vezes, esta falta, eu a sinto lá nos ossos... profundamente, portanto. De uma pessoa, não de coisas.Coisas a gente substitui. Pessoas, acolhe e guarda na alma. E sente nostalgia, que vem como ondas do mar. Diferente, para cada um. Diferente em cada praia. Não era hábito meu sentir nostalgia de pessoas, do passado. Este sentimento me ligava a um amor idealizado, completo e belo, talvez divino e do qual, temos sorte em ter amostras. E as tenho.
"Se sinto falta, é porque já fui feliz com algo ou alguém que me fazia bem, e hoje não tenho ao alcance das mãos."
"Se tenho profundas saudades de você ou de como me sentia em sua presença, é porque já conheço este intenso sentimento."
Hoje, acordei saudosa de coisas simples e boas, e depois me aprofundei na nostalgia de um sentimento bom...de qualquer forma, olho ao redor e espero encontrar aqui, novamente um lugar onde possa de vez em quando me sentir "em casa", e enquanto isto não ocorre, pego um chocolate e um livro, e vou saborear cada um, do jeito que mais gosto.... feliz por poder fazê-lo.
Fotos e texto: Vera Alvarenga
E uma música linda com Vanessa da Mata... "Amado".
Querida Vera, eu imagino o quanto é complicado para muitas pessoas que saem de cidades menores e acolhedoras e vão morar, por razões diversas, em cidades do porte de SP. Realmente, é preciso ver com bons olhos a fim de se adaptar da melhor maneira possivel.
ResponderExcluirEu procuro não olhar muito para tras, mas confessso que ainda nao me acostumei a morar na Barra. Não gosto. Eu aprecio poder sair de casa e chegar facil em algum lugar, especialmente comprar pão numa padaria lá de qq esquina. Aqui na Barra nao existe isso, nem mesmo uma marquise para proteger do frio, do calor ou da chuva. E já se passou 1 ano... bom, ainda tenho que continuar tentando aprender a conviver.
BEIJOS
O tempo passa mesmo depressa,não é Sissy! Não direi ainda que não gosto de estar aqui, embora preferisse estar num bairro mais próximo daquele que eu conhecia e do que preciso. Contudo, aqui é um bom bairro e como já contei, tem as árvores, e pássaros...Quando vier aqui, Sissy, vamos a pé numa padaria maravilhosa que temos aqui pertinho! E comeremos o pão ainda quente e crocante!
ExcluirBeijos, boa semana,
Vera Alvarenga
Vera... voltei!
ResponderExcluirO que expressas como saudade nesse belo "desabafo" nada mais é do que percorrer uma vida... voltar um filme... perceber a existência de outra cena.
tudo isso até pode se dizer que seja nostalgia, saudade, mas no fundo é a busca por um roteiro novo.
beijos, amiga. Fotos lindas.
Maria Marçal - Porto Alegre - RS
Também isto, Maria! Estou me acomodando, como quando a gente compra almofadas e travesseiros novos e vai dando uns soquinhos, até que eles fiquem do jeito que a gente gosta..rs....
ExcluirEspero que a viagem tenha sido ótima.
Veja lá no Face as fotos do nosso encontro com os amigos do Dihitt, onde eu fui uma das convidadas...e adorei!
Enviei as fotos por email pra você, Samanta, meninas...
Beijos.Boa semana!
Você tem até 26/03/2012 19:14 para
ResponderExcluirou esse comentário.
Joana Mendes (artesdafadinha.blogspot.com)
comentou em 26/03/2012 18:54
Verinha
Que lindas fotos! Quem não sente saudades de lugares tão lindos!
E o video é precioso!
beijos
joana mendes
Oi Joana, como vai você?
ExcluirEstou procurando aqui me acomodar ao novo espaço e modo de vida. O bom é poder me aconchegar no sofá e ler, ou meditar um pouco quando possível e agradecer a paz que consigo sentir ao olhar pela janela e ver a copa das árvores. Nem parece que estou numa cidade tão cheia de prédios e concreto! rs....
Querida Vera;
ResponderExcluirQuando li, tempinho atrás, que morarias em Sampa fiquei pensando com meus botões: mas ela gosta tanto de natureza, como ficará na capital?
Morei 3 anos aí, os piores da minha vida. Somente tive coragem de dirigir após um ano e olha que dirijo bem. Eu gosto de viver em metrópoles por causa das facilidades, acesso à cultura, etc, mas as "enormes" como Rio e S.P. me assustam. Ambas tem maravilhas, mas sempre tão difíceis de se chegar até elas...
Onde estou atualmente tenho as facilidades de uma capital e com deslocamento rápido, além de qualidade de vida.
Porto Alegre é muito, muito arborizada e de fácil acesso aos parques, que durante o dia podem ser visitados, ainda...
Seu texto está um primor.Conseguiu fazer poesia de sua nostalgia.
beijos
Oi Atena! Sabe como fico aqui? empoleirada no meu terraço, olhando a copa das árvores...kkk...quando dá tempo, porque cada vez que saímos de casa, podemos demorar de 1 hora a 3 hs...rs.. Eu amo São Paulo, mas não estou mais no ritmo dela agora. Quanto à Cultura, há de tudo sim, mas...não me sinto segura para ir aos lugares. Em Sorocaba íamos TODOS OS DOMINGOS numa maravilhosa praça no Parque Campolim, assistir a shows igualmente maravilhosos, orquestras até! E tínhamos o Projeto do empréstimo de livros e a paisagem, em meio a amigos e familiares que se encontravam. E eu sou daqueleas pessoas que precisam ter as coisas bem perto de casa, pra aproveitar...rs...
ExcluirQue bom saber que Porto Alegre é assim! Conheci há tempos. Quem sabe um dia voltaremos por aí.
Beijos.
Lindo texto, sempre guardamos as lembranças boas,os bons momentos vividos, os lugar por onde passamos ou vivemos, e o tempo passa tudo muda, temos que mudar os caminhos na vida, mas certamente há dias que a saudade bate forte.
ResponderExcluirBeijo.
Fatima, você tem razão. Quando sobra um tempo e a oportunidade passa, é bom apanhá-la e aproveitar para rever alguns lugares nos quais passamos bons momentos. Vamos fazer isto em abril. Viajar um pouco...e tirarei muitas fotos.
ExcluirBeijos, boa semana!
Vera.
Vera querida... entendo o que você diz, eu ao contrário de você sai de São Paulo (e confesso que não tenho vontade de voltar)e vim pra Floripa, cidade que aprendi a amar, mas que no começo também me perguntava o que estava fazendo aqui....
ResponderExcluirToda mudança é difícil, porque temos que nos adaptar ao novo e nem sempre o novo é novo no começo...mas tenho certeza que ainda será muito feliz nesta louca cidade grande!
beijo no coração
Eu sempre dizia a meus filhos que era bom deixarmos tudo bem por onde passamos...rs... pois a vida dá voltas e quando a gente menos espera estamos novamente voltando a cidade natal. Mas aqui encontro, sem dúvida uma cidade muito mais agitada. Estou mais pra uma vida calma agora. Vamos nos adaptando.
ExcluirDe qualquer modo, irei por uns dias para Floripa, matar saudades da praia, olhar aquele mar imenso e lindo, e as gaivotas, com sorte, golfinhos e baleias. E conhecer você. Tirarei muitas fotos e encherei meu coração de tudo que tem de bom por aí.
Beijos...até breve.
Vera Alvarenga