para falar de mim,
nem buscar palavras
para me explicar
ou me definir.
Hoje, chorei mansinho
quando olhei o outro,
que não sou eu,
e mesmo sem olhar para mim,
mais um pouco me compreendi,
mais um pouco, me defini.
Murro em ponta de faca,
machucou, sangrou, doeu!
Não me servem as palavras
pra falar do que não é meu,
e não quero me contar.
Hoje, só vim pra me deitar
só pra me esparramar,
no teu leito quieto e branco,
da página que não escrevo
daquilo que eu sei que sei,
e do que sei que não devo,
porque hoje, não posso ser
se não posso compreender,
e trair-me, não me atrevo.
Nas palavras me esqueço,
no teu silêncio me reconheço.
Até o amanhã... quando
mais uma página tua,
vestida de mim ou nua, eu puder virar...