Minha alma, às vezes, me inunda de saudades.
Não eu! porque sei que não posso tê-la,
esta que só se tem,
quando falta nos faz
o que um dia tivemos...
Ah! minha alma me anima, me encanta,
sonha, faz rima, pensa nele e o deseja.
Não eu! que agora sei que não devo...
mas, minha alma sim, sofre de amor,
e por isto, me faz sofrer também...
Sem alma nada sou,
como então posso dividir-me assim?
Agora sei que ele é minha poesia,
o amor que nasce da alma que nada vê,
apenas vislumbra, sente e ama.
Minha alma fantasia!
e então quer me levar
a morar num livro encantado,
onde eu e meu amado
jamais sentiríamos a idade avançar...
porque escolheríamos a cegueira do amor
como a da alma quando se põe a sonhar.
Ah! a paixão, por vezes vem nos mostrar
de novo,o quanto ainda queríamos ter,
quão bela a vida ainda poderia ser...
E quando não se concretiza no verbo,
o amor, pouco a pouco, se desfaz,
como a chama que morre sem ar...
Ah! mas a poesia não!
Temo que fique ali para sempre
ou até o dia que se queime
este antigo ( e meu) livro de poemas...
Então, tudo bem, e vem a paz
de nada mais se desejar...
Tudo bem?! que pena...
Eu te desejo paz, mas não esta
do mar que se quer contido,
desejo a paz do realizado,
do amor que não morre em vão.
Escultoras e poema: Vera Alvarenga