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sábado, 7 de janeiro de 2012

O encontro...

Estavam frente a frente.
Coragem, não sentia
de dar mais um passo...
só mais um passo a distância
que, entre eles ainda se fazia.
Olharam-se nos olhos.
Ela corou, encabulada.
O que teria a oferecer-lhe
além da casca que a cobria?
Ele a reconheceria?
Se fossem outros tempos,
talvez, impetuosa ousasse atravessar
desertos em busca desta fonte e,
segura, por saber-se desejada,
nos braços dele se jogaria.
Agora, de nada mais sabia.
Justo quando se quer mais do amor
os sentidos parecem adormecidos!
O medo a arrebatou.
Não suportou encará-lo,
não por não querer amá-lo,
era da sede, o medo que sentia.
Como mostrar-lhe quem era
numa face que o tempo marcou?
Diante dele sentia-se menina
mas só a alma livra-se do tempo,
no espelho não se reconhecia.
A consciência de sua fragilidade
a obrigava à tortura de esperar
que fosse ele a saber que dos dois,
era o que primeiro deveria ousar.
Ele compreendeu e se aproximou
e, no mesmo instante, ela se moveu.
Desfez-se o medo dos corações.
Não se queriam perfeitos, nem ilusões!
Queriam-se assim mesmo, fragmentados,
vividos,sofridos ou marcados,
carentes de amor, cientes da verdade
que não segue a lógica da razão
mas da necessária compaixão que abraça
os que se descobrem imperfeitos.
Cruel e libertador este encontro de amor!
Na pele e no toque se reconheceram
e aceitaram-se em todos os limites
de sua recém descoberta humanidade.
Foi no espaço mágico e indescritível
entre a mente e o instintivo
que eles assim, se encontraram, e se amaram
como se o tempo para eles se curvasse
e da luz de um doce encantamento
permitisse que ali fosse feita a eternidade.

poema: Vera Alvarenga
foto: retirada do blog "diários de bordo" - não continha informação de autoria.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Devolve-me as asas...

Vivias num mundo tão real!
Eu não era da terra, eu voava,
só de passagem ali estava,
aturdida, perdida me encontrava,
nos esbarramos,em dor quase igual.
Então, com imensa compaixão
quase sem forças, te incentivei
a usar tuas asas e...voar!
que as minhas,não sabia encontrar,
e te desejei ver livre e feliz.
Como a um pássaro ferido
com cuidado, te curar, eu quis
mas ao tocá-lo... me curei.
Agora sou eu que te peço:
- Volta à terra! Volta!
Precisarei puxá-lo pelos pés?
Não consigo, me entristeço,
e tudo me parece de revés
já não me reconheço
nem sei mais quem tu és.
Acho que trocamos de lugar,
eu cá na terra, você no ar!
Vem, desce por um momento,
desfaz a dor deste encantamento,
ou devolve-me as asas e vem me beijar.

Foto e poema: Vera Alvarenga



terça-feira, 19 de janeiro de 2010

- "Se aproxima a noite em que ela vai desvendar seu mistério"...

   Tenho,em meu terraço, uma planta esquisita. Muito estranha mesmo. Quando a fui comprar procurava uma que fosse resistente e não desse trabalho para cuidar! que pudesse aguentar o clima árido ou muito quente do lugar onde estou morando, ultimamente. Queria algo que pudesse florir, mas não fosse muito delicada!
  -" Ãhnnn, moça, não sei. Aqui tem mais folhagem, a senhora sabe, né? com este caloooorrr ! Minha mãe não tá e aqui não tem flor assim, não!" Falou a menina de uma cidadezinha pequena, chamada Buritama, próximo daqui. Ao sair, porém, não conseguindo resistir ao apelo de levar uma flor para enfeitar meu terraço, peguei o que me pareceu "Flor de Maio". Pelo menos vai florir no inverno! pensei.
  - " Olha moça, minha mãe me disse que ela chama Rainha da Noite!"
  - " Ah! Acho que não é, não ! (um amor de menina, mas não devia mesmo conhecer de plantas). Eu conheço a Dama da Noite... não é assim, ela é..."
  - " É Rainha da Noite", frisou a menina, com um sorriso. É só uma muda, a única que ela trouxe da casa da amiga dela. Faz um tempo que está aí. Eu não sei a cor da flor, mas dá flor sim ."
  Eu a coloquei no terraço e lá ficou, com apenas 3 ou 4 galhos,sem dar trabalho, bebendo quase nada, quietinha num canto. O tempo passando e ela crescendo um pouco, meio desajeitada, coitada. Era uma suculenta, isto eu sabia, uma cópia em tamanho maior da "Flor de Maio". Que cor será que teriam suas flores?! Seriam muitas pequeninas flores, pelo tamanho dos galhos. Eu ia gostar(mas preferia que não fossem de um "cor de  rosa bebê" . Não acho muita graça).
   Veio o inverno, e nada! nenhuma flor sequer, nem uma zinha, como reconhecimento de ter ganho um lugar de destaque no terraço. Afinal, eu tivera fé, mas devo ter me enganado. Já passara mais de um ano e ela só crescia. Tudo bem, me afeiçoei a ela, já fazia parte e como folhagem, era interessante. Eu gostava e pronto.
   De vez em quando saíam brotos e lá ia eu, ansiosa, ver se eram promessas de flor. Nada. Eram mais folhas ( ou galhos, sei lá). Um dia, notei uns brotinhos diferentes, esquisitos como a mãe. Ah, finalmente viriam as flores. Que emoção. Mais dias se passaram, e aquilo, crescendo. São grandes, as flores que virão! Êpa, por que fui mexer? Que delicado é isto aqui, caiu na minha mão! Quem diria! A natureza nos surpreende. Ainda bem que sobraram outras! Não poderia viver mais tempo com esta curiosidade.
  Todas as manhãs, eu ia vê-la, e nada. Quando voltava do trabalho, lhe perguntava baixinho...
  - " e aí, amiga ? Nada ? eu sei como é... não tá na hora, né?"
  Uma noite, passadas 22hs., saí ao terraço para ver a lua e fiquei lá, sentada por uns momentos, sentindo a energia do luar, penetrar em mim... Adoro as noites de lua cheia... ao me virar para entrar em casa...
  - " Meu Deus ! que lindas!"
  Só de contar, me arrepia a pele. Não eram flores, deviam ser fadas - foi mesmo lindo de se ver. Parecia um milagre, magia especial, destas que surpreendem por sua grandeza; destas, que só um grande Mago tem escondida nas mangas, para o Ato Final ! A imagem é do tipo que, quando a gente vê, primeiro se admira e faz um elogio espontâneo, depois, respira fundo e se cala, em respeito à sua delicada beleza, com medo que ela se esconda.
 

   Alguns meses se passaram. Minha planta esquisita, cresceu mais um pouco, teve os galhos quebrados, sem querer, por meu neto mais velho. " Não faz mal, eu replantei, para multiplicar o milagre" . Um galho redondo começou a apontar em direção ao sol, e foi indo, e subindo... tudo tão estranho, com esta planta.Vejam a foto, aqui ao lado esquerdo.
   
     Agora,ela se prepara pela segunda vez. Vai florir, desvendar seus mistérios, mostrar seu encantamento, e eu, vou receber este presente.     Quero dividir com vocês.    Nem sei se estamos na lua cheia, mas, a noite em que minha " Rainha da Noite" vai mostrar sua beleza, está próxima.
   Vocês querem acompanhar comigo ? 

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