Se soubesses do carinho
que me envolve quando lembro
do que sentia quando
nos encontrávamos...
Ah! mas hoje vi teu olhar
postado na minha janela!
Vieste roubar-me o sorriso
que guardo sempre pra ti?
Tua presença me faz bela.
E para o jardim, eu corri
a ver se te encontrava.
- Espera! ordenei para mim,
- Volta! certamente ele já
foi,
só queria o que lhe faltava.
A mim, deixou-me o olhar,
aquele que eu adorava.
Só faltou-me a palavra
com a qual antes me chamavas.
Quando voltares novamente,
traz qualquer palavra tua,
qualquer uma e fico contente.
É tudo tão simples para mim,
que talvez não compreendas.
Porque hoje sei, somos assim,
sem expectativas nem
promessas,
sem horizontes à frente,
não há futuro, só o presente
das palavras escritas no
papel.
Somos o quase nada delicado
como brisa a tocar nossa pele,
ou a borboleta a beijar o
rosto
que por um gesto mais ousado,
se assusta e se vai, de
repente...
Proponho sermos apenas canção,
então, como a do pássaro
dourado,
que nos eleve a alma e
encante,
apenas isto, e será o
bastante.
- Poema e foto: Vera Alvarenga