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terça-feira, 21 de maio de 2013

No alto coração...

Queria tanto que minhas palavras
ainda chegassem até você,
amigo que um dia tive,
como um sussurro, ou brisa,
ou um beijo na face,
como um carinho que aquece,
ou leal sentimento que persiste
porque não tem onde ancorar
em outro lugar
que não no alto do coração.

Foto e poema: Vera Alvarenga

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Interpretações....

  Todas as manhãs e às tardes também  pequenos pássaros cantantes vem
felizes, comer frutas no meu terraço.
  Interpretam suas canções, cada um a seu modo.
  São os assim chamados : "sanhaço" .
Há o sanhaço azul, e o verde,
dependendo das cores que tem.
Tão habituada estou com eles
que ao ver de longe as asas
verdes do sanhaço, já sei
que vou ouvir seu canto,
o mais delicado, no meu terraço.


A natureza faz surpresas.
E nos ensina, basta olhar...
Dos pássaros que aqui vem,
hoje digo, com certeza,
- "nem todo pequeno alado
de tom esverdeado
é um sanhaço..."
   E isto me faz lembrar...
- "nem todo aquele que cala,
 consente..."
- "nem toda aquela que duvida,desmente..."
- "nem toda palavra tem o significado exato que interpretamos, quando não  fomos nós que a dissemos..."

Há de se ter o espírito aberto para se aprender, sempre.
E tolos são os que se ofendem porque alguém lhes pergunta o que querem dizer....
Afinal, nem tudo que parece, é.
Não é?

Fotos e texto: Vera Alvarenga.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quando vieres novamente...


Se soubesses do carinho
que me envolve quando lembro
do que sentia quando
nos encontrávamos...
Ah! mas hoje vi teu olhar
postado na minha janela!
Vieste roubar-me o sorriso
que guardo sempre pra ti?
Tua presença me faz bela.
E para o jardim, eu corri
a ver se te encontrava.
- Espera! ordenei para mim,
- Volta! certamente ele já foi,
só queria o que lhe faltava.
A mim, deixou-me o olhar,
aquele que eu adorava.
Só faltou-me a palavra
com a qual antes me chamavas.
Quando voltares novamente,
traz qualquer palavra tua,
qualquer uma e fico contente.
É tudo tão simples para mim,
que talvez não compreendas.
Porque hoje sei, somos assim,
sem expectativas nem promessas,
sem horizontes à frente,
não há futuro, só o presente
das palavras escritas no papel.
Somos o quase nada delicado
como brisa a tocar nossa pele,
ou a borboleta a beijar o rosto
que por um gesto mais ousado,
se assusta e se vai, de repente...
Proponho sermos apenas canção,
então, como a do pássaro dourado,
que nos eleve a alma e encante,
apenas isto, e será o bastante.
  - Poema e foto: Vera Alvarenga

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Impeçam-me os deuses de sonhar!


  Hoje, a paz deste silêncio é tanta, que nem consigo sonhar.
  Às vezes, tá tudo bem, mas o silêncio que nos cerca faz pensar...
  muitas vezes, tá tudo em paz, mas a lembrança entra pela porta aberta.
  Fica ali no canto, como quem não quer nada, e aperta o coração
  como uma saudade do que um dia já fora concebido,
  como a falta de um ser que embora não nascido, sentimos o pulsar.
  - Ah! impeçam-me os deuses de sonhar! que esta lembrança
  fica à espreita, como se nos quisesse fazer duvidar de tudo,
  até de toda esta paz que vem de um quase nada, mas ainda não é do amor,
  e a gente quase se deixa levar de novo pela lembrança adorada
  daquele rosto,da voz, das palavras,do sonho,do riso encantador, mas resiste,
  não quer ir, mas também não quer ficar. Entre o sim e o não
  uma voz quebra o silêncio e em sussurro, fala comigo :
  - fica aqui...entregue-se ao presente, não há pra onde ir, fica!
  É quase impossível resistir à luz que me encanta, mas desta vez, consigo,
  só porque o silêncio é tão grande que me toma inteira, e finalmente,
  sufoca a tentativa de qualquer parte de mim que, inconsequente,
  ainda queria, desejava ir ao encontro do que não sabia...
  Nada existe além da minha vontade que aos poucos se aquieta?
  O silencio que a matou, também me salvará ?
  Teu gesto que um dia me salvou traz uma adaga que me fere.
  E quando a saudade na tua ausência vem me apunhalar,
  já não tens rosto,nem voz ou palavras dos quais possa me lembrar.
  Porque não me deixaste um sinal teu que pudesse abrigar
  o sorriso da minha alma, na feliz certeza de te esperar.
  E é este o silêncio que me toma e me envolve numa estranha paz.
  Dela nada sei, nem da incerteza das minhas manhãs.
  Temo que um dia, o silêncio seja tão duro e insistente
  que talvez, eu finalmente te esqueça...e um de nós morrerá...
 
  Poema: Vera Alvarenga
  Vídeo da música "Travessuras" - Oswaldo Montenegro.
 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Há músicas que valem por mil imagens...

Existem músicas que falam mais que mil imagens... palavras que a gente já quis dizer,ou disse...
Existem músicas que cantam coisas que a gente...quem diria...não pode mesmo nem justificar...
nem com todos os unguentos e magias a gente pode curar...
Às vezes, doces memórias são o que restam para lembrar... e há palavras que a gente nunca queria ter de dizer, pois nos levam a saber que é hora de nos despedir de um sonho que não encontra esperança ou meios de se concretizar... E o possível se transforma em mais uma realidade impossível de trazer os momentos felizes que se queriam colher... e o mundo vai se conformando em fazer-se apenas dentro do limite do real, e perde sua magia...os que não são íntimos do mundo mágico paralelo ao considerado real, conformam-se e seguem  para sempre, em paz...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Delicado sentimento....


Quando eu já ia partir
a brisa me trouxe notícias tuas.
Ouvi com alegria tua voz
que trazia escondido teu pranto
numa história do teu viver.
De pronto sorri ao te ouvir.
Ao compreender nas palavras nuas
a dor que foi tua algoz,
a saudade estancou-me no peito
e desejei não saber-te sofrer.
Meu amor nunca teve textura,
nem cheiro ou doce olhar que me tocasse,
faltava corpo a envolver a emoção.
Meu amor só se fez de ternura,
e por mais que eu o invocasse
só no sonho, esteve ao alcance da mão.
Meu doce amor era pensamento,
desejo sem forma, delicado sentimento,
era querer bem e só acreditar.
Não era real? Pois estive a sonhar!
Mas sentia na alma o enternecer
e com certeza, o calor e a dor,
desta improvável forma de amar.



terça-feira, 19 de julho de 2011

Pedaços de ti...

 Quando demoras,
 arranco-te do peito
 como a uma planta rara
 que não sei como cultivar,
 com cuidado, reticente,
 que é pra não me machucar,
 pois tens raízes fundas em mim.
 E decidida, coloco-te num vaso qualquer.
 Faço isto a cada tempo
 em que a saudade fere
 minha alma de mulher...
 Mas quando menos espero
 vens de novo brotar no coração,
 e me dou conta, então,
 que estive a transplantar um sorriso,
 gesto, palavra, um olhar,
 pedaços de ti e de um sonho,
 que agora, vivem ao redor de mim...

Foto e poema : Vera Alvarenga

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Desconfio, que amo este homem...

Desconfiou que amava aquele homem,
mesmo sem conhecer tudo o que era,
sem compartilhar toda sua história,
nem dividir com ele a memória
de tudo o que, cada um, já viveu.
Tão frágeis somos todos nós,
imperfeitos,solitários,ansiosos
em busca do próprio eu,
do próprio amor idealizado,
quanto mais nos sentimos sós!
E ela, ainda buscava encontrar
- o eu no outro- um sinal, um reflexo
de sua crença, do singelo desejo
do melhor de si, ainda poder resgatar.
Sabia que o sonho era maior
do que jamais poderia alcançar.
Melhor seria tratar de esquecer,
pois na vida, um dia,tudo passa.
Por isto, impotente confessou:
Desconfio que amo este homem
que já não sai do meu peito
onde o coloquei desde que, sem jeito,
mostrou-me pequenos segredos de si,
e porque me fez de novo sonhar,
sorrir, novamente crer...voar!
Só por isto, docemente, eu o amo,sim!
Porque me basta nele reconhecer
um fragmento do sonho que era meu.
Porque me basta desejar em seus braços,
finalmente viver a paz que de tão minha,
hoje, ainda se esconde em mim.

Foto e poema: Vera Alvarenga

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Na dança da vida...

Como pensas que podias perdê-la?
Sem jamais se terem encontrado?
Se ela não deitou em teu peito,
não te cobriu de carinhos e
não acordou em seu leito
com arrepios dos teus afagos...
Sentiste o conforto em seu regaço?
Sentiu-se ela, finalmente segura,
e docemente entregue no abraço
do teu corpo amoroso?
Ela te tomou em seu colo
para consolar teu desgosto?
Molhou tua face com a lágrima
que por ti, rolava de seu rosto?
E o medo que morava nela,
se desfez em tua presença?
Sorriram tantas vezes juntos,
entre léguas de distância a separar
o que assim, fora apenas sonho,
que se desfez à beira do mar,
ou dissolveu-se no espaço...
Ambos partiram, um do outro,
pela ausência dos sons e tons
que na dança da vida
costuma unir, diferentes passos...

Foto e poema : Vera Alvarenga 

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Asas para sonhar...

 Escuta, ouve o que te digo:
é loucura querer esquecer!
Do sonho vem nossa força,
esperança de outro amanhecer.
O que seria de tua vida, amigo,
se por tuas asas escondidas
não pudesses mais elevar-te?
Quem lamberia tuas feridas?
Quem, a não ser tu mesmo
caminharia na estrada contigo?
Quem viria de um sonho
para amar-te, te fazer feliz?
É também de sonhos que a
realidade cria sua trama.
Como alçarias teus leves vôos
pelos confins ilimitados, veloz
como os que não tem pecado?
Mantém junto a ti os sonhos,
no peito como precioso amuleto,
ou como a uma companheira leal
e em segredo, entrega-te a eles.
Nada seria para ti, mais real.
Sonha,meu querido, confia e
deseja. Jamais te sintas derrotado!
E, se ainda assim, não te convenci,
lembra de mim e vais compreender,
que não vale a pena, a vida viver,
sem o mel, do sonho do amor sonhado!

foto e poema: Vera Alvarenga

sábado, 26 de março de 2011

Minha loucura...

Só  o  amor nos resgata...
 E se for aquele que nos apaixona
  de novo pela vida, de um modo
   que nos parece quase divino,
    aquele que por tão inesperado
      tanto assusta quanto comove,
seria covardia imaginar que nós
pudéssemos simplesmente esquecê-lo,
como se não tivesse acontecido,  
como se não nos tivesse tocado
com o encanto de mágico cajado,
que de um distante conto de fadas,
vem nos trazer a eternidade,
nos salvar da morte, que espreita.
Ah! se a maturidade nos fizesse lembrar
quão prudente é mantê-lo adormecido!
   Este amor que só se contenta com amar,
  e forte, e doce, e suave, ora nos prende
  em rendadas teias prateadas, ora
  generoso nos liberta, faz o tempo parar.
  Só ele nos traz de volta a inocência
  e nos devolve a ingenuidade
  de quando éramos plenos de fé!

Na minha idade, portanto,
  desejar o amor é tão adequado,
    necessário, natural, apropriado,
     quanto é o sonhar ao sonhador,
      o escrever ao escritor,
       e a loucura, ao louco de amor!
    
Poema e foto: Vera Alvarenga

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