Não faz sentido sentir-me limitada
pelo pouco que sou...
Se minha natureza limita-me, diante de alguns, também é ela que me dá a medida de minha aventura... e as asas da liberdade.
Se não consigo ser como todos e incluir-me igualmente em tantos bandos....
E se os sinais e chamados me sensibilizam de
outras formas...
E se o vento canta uma canção em meus ouvidos
e me convida a imaginar o que seria se pudéssemos voar mais alto...
Ah! Seria melhor acomodar-me e ficar quieta em meu canto e a felicidade seria não fazer-me perguntas e não sonhar mais. No entanto, meu pensamento me leva primeiro, e logo o vento, em seguida vou inteira.
Por algum tempo pressinto que tenho companhia e, quando me sinto só, me lembro de minha natureza
e minhas asas se alongam
e me fazem leve como o vento...
Então, por alguns momentos eternos eu o vejo, como se lembrasse de um sonho que era real,
em uma outra vida, em um outro mundo,
então quebro as correntes, transponho limites
e sinto tudo o que posso sentir e vivo conforme minha natureza
e a natureza de meu sonho.
Um dia, talvez, ouça o bater de outras asas a voar por instantes comigo,
com a mesma ingenuidade que faz da fé, a mãe das possibilidades,
mas mesmo em meu voo solo
meu céu é meu único limite.
Fotos e texto: Vera Alvarenga.
Música: Sonho de Ícaro- Biafra