terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A senhora que passa pelas janelas...

Janelas...
Um dia, ela viu um homem
do outro lado de uma delas.
Ele lhe falou de si
de um jeito que não era o dele,
assim disse ele,
apenas um momento em que a dor
o fazia mostrar um lado íntimo da emoção,
uma face que ele acostumara a ocultar.
Ah... Janelas...
Em seu mais secreto mundo,
do lado de dentro de uma delas,
ela, que havia encarado a morte
e tinha sede de um sentimento profundo
que brotasse puro de um coração forte
mas gentil, bebeu daquela lágrima,
sentiu compaixão por ele e por si
que tanto estavam esquecidos do que podiam ser
e inocente pensou que, ali,
nascia delicado e verdadeiro amor.

Vieram os ventos,redemoinho, vendaval,
fecharam-se as janelas e mal se via nelas,
reflexo da luz que sempre nasce das sombras ,
e assim, aquela senhora que os viera visitar,
e numa das mãos sempre traz a morte
e na outra o doce lampejo da vida,
passou por entre as janelas
e voltou ao seu altar.
Porém, nenhuma tempestade assim tão grave
se faz sem propósito definido,
mesmo que de início, não compreendido,
o tempo lhes irá mostrar.
E agora, de cada lado de suas janelas,
na intimidade de seus espaços, e a sós,
ao perguntarem-se porque sofreram, sabem
agora, que morte e vida formam a mesma roda,
e a dor que dilacerou seus corações um dia vai passar.
Só um coração assim aberto pela dor,
compreende, aprende sobre o mais profundo amor,
que nasce da inocência e da compaixão.
E assim, cada um a seu modo e em seu lugar,
fará escolhas e estará pronto para, a si e outros, amar.

Foto e poema: Vera Alvarenga.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Janelas...olhos da alma...



São, meus olhos,
as janelas de minha alma?











Ou serão, as janelas,
os olhos através dos quais
compreendo o mundo?








O que compreendo do mundo tem,
certamente, um tempo,
que é o meu tempo,
aquele instante em que olho e vejo,
através delas...









O que vejo do mundo,
está no meu espaço,
ou no infinito de possibilidades
... dentro do que é finito
porque me pertence...
porque é até onde posso chegar,
de um modo ou de outro.





...e o que me pertence,
ora está na sombra,
que traz em si as possibilidades...









...ora está brilhando ao sol
na luz do que já é,
e por isto, dança alegremente.



Texto e fotos: Vera Alvarenga.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

" O homem do rio..."

Um homem, sua história,
uma mulher, o amor.
Desilusão, dor.
Sentimento, clamor,
esquecimento
de si, de tudo...
Abandonar a vida,
fazer-se mudo.
Só não deixar o amigo
que a ele segue,
companheiro fiel da sina
que o persegue :
loucura de amor!









Poema  e fotos: Vera Alvarenga

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Repetir o mesmo padrão,pode ser uma arte...

   Ultimamente percebo que venho repetindo algumas idéias ou descobertas, nos textos que escrevo. Repetidamente falo do bem que o amor faz, do mal que sua ausência em nós pode causar.
  E por que repito? Será que me esqueço que já falei ou porque algo me fere, ou me emociona ou me encanta de tal maneira que, tendo ficado em mim, acaba povoando meus pensamentos e atos? De tudo o mais, esqueço  facilmente...
  Repito, não nego, mas a cada vez, talvez porque me esqueça como o disse antes, faço-o de uma nova forma.
  Algumas coisas a gente repete porque chocou, sacudiu e parece que precisamos mais tempo para metabolizar tudo o que houve em nós com o susto, a surpresa ou o choque. Até arte se faz muitas vezes, repetindo o mesmo padrão. Escher faz isto em seus desenhos, em busca de representar o infinito. E nós, repetimos o mesmo padrão daquilo que ficou marcado em nós, mesmo que não percebamos muito conscientemente.
  Algumas coisas repito porque gosto, me causam sensação de bem estar, de "estar em casa"...confessá-las, lembrar delas, desejar e então repetir algo concretizado, pode ser algumas vezes ,como beijar o homem amado. Me faz rir baixinho de alegria, me dá prazer, é bom. E o que a gente já sabe que é bom, a gente quer repetir ( estranho seria se não quisesse!). Andam dizendo que a gente não pode esperar repetir um momento glorioso, mas pudera, não é preciso desejar fazê-lo da mesma forma, não é? E por que não repetir? Por que não o desejo de repetir o que conhecemos, se gostamos de fazê-lo a cada manhã quando se trata de acordar bem e ver que temos mais um dia da mesma vida para viver! A gente quer repetir, nem que seja só em pensamento, nem que seja só pra lembrar como é boa a sensação que tem quando encontra aquilo que nos agrada, que é importante ou fundamental. A lembrança de uma boa emoção pode agir como um suave perfume que vem não se sabe de onde mas agrada aos sentidos e nos relembra o caminho. Quem já teve o prazer de trabalhar com algo que despertasse sua paixão, por exemplo, procurará este caminho para sua nova profissão. Quando eu penso em algumas emoções que já senti, me pego sorrindo e, por este instante trago o prazer para o meu momento presente...imagine quando são emoções por algo vivido completamente! rs.....
Repetir, pode ser também como abraçar a pessoa que a gente ama ou estava com saudades. Isto sim, com certeza, se eu puder vou fazer muitas vezes.
  Não deve ser fácil viver desejando sempre emoções novas e superficiais. Não sei como vivem os que evitam se aprofundar ou crer em seus instintos quando encontram o que ou quem os inspire, ou não se permitem repetir e demorar-se naquilo ou com aquele que lhes dá prazer... O medo de não sentir o mesmo que antes foi possível sentir, também nos amortece. Tudo porque pensamos que o mal está em repetir, quando na verdade está em temer a aproximação, a repetição e a intimidade seja lá com o que estejamos a fazer, e é muitas vezes isto que nos aproxima mais da sensação infinitamente boa de chegar lá e ser feliz, não importa por quantos minutos, nem com quantos detalhes iguais. Podemos ser felizes por segundos, por qualquer coisa tola ou singela, mas repetidamente isto nos trará energia para enfrentar os momentos difíceis da vida em que felicidade não puder ser uma opção.
  Vou parar por aqui, ou ficarei falando de amor, e me repetindo, me repetindo...
  Texto: Vera Alvarenga
Fotos de desenhos de Escher, no blog Imagens com texto de JJ.Amarante (http://imagenscomtexto.blogspot.com/2010_10_01_archive.html)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Surpresa!

A vida é mesmo cheia de surpresas!
Agora que moro em apartamento e em São Paulo, vejam só o que vi, em frente onde moro, quando ia a pé até a padaria.
Uma família graciosa... Eram cinco.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O espírito do pássaro dourado...

 A vida precisa de magia e da nossa própria permissão para sermos felizes, acalentando sonhos que fazem parte do deixar viver em nosso ser mais íntimo, nossos desejos instintivos, reflexo da busca de uma felicidade e equilíbrio que nos deixa em paz, leves e bem.
 Às vezes a gente esquece disto - do direito de juntar com carinho os nossos pequenos pedacinhos e de os montar de novo e de novo, quando necessário, como num mosaico lindo de nossa alma, que precisa renovar-se em nova paisagem criativa. Isto nos fará de novo brilhar com a luz do sol ou das estrelas, e nos sentir curados, porque não é possível ir para o deserto e lá viver eternamente,mais do que o tempo necessário para lembrarmos do que somos.
Eu finalmente compreendi...
...que por amor, interiorizei o espírito do pássaro dourado, o que vinha me visitar e que me despertou o desejo de sair à luz do sol. Não deste sol do mundo, mas o do ser. Ao fazer dele parte de mim, aconcheguei em meu peito uma ilusão, diriam alguns.    
   Mas está aí a magia do sonho e do amor! O amor que nele está porque nele coloquei, neste encontro na intimidade do meu ser, permite que sejam mostradas as nossas faces vestidas do sonho, sem pudor ou qualquer sentimento de inadequação, e assim podemos voltar a ser naturalmente, o que somos. Torna-se possível voltar a gostar de ser o que sou. Encontro os meus pedacinhos que julgava perdidos e construo-me lentamente de novo, com a certeza de que vivo ainda, em mim. Trago-o agora em meu coração e ele é meu. Às vezes, quase o perco novamente e temo não ser capaz do que era, mas então percebo como é importante que eu o encontre...o amor. Dele, que me traz através do meu sonho e na minha intimidade a lembrança de minha força instintiva, cuido com carinho, porque enquanto estiver dentro de mim, não me deixará esquecer o que sou e porque ainda estou aqui. E estou aqui ainda, para amar. Estando no meu íntimo, me empresta o sentimento de me saber inteira. E com ele, vivo em segredo o meu ser. E ele ainda vive comigo, a despeito de tudo, num lugar entre a lógica e meu instinto de sobrevivência.
Penso que nos sentimos perdidos quando não sabemos onde colocamos o amor que por vezes, ressurge  nas asas de um pássaro dourado como o próprio desejo de viver o que ainda podemos ser. E mesmo que, do outro lado a realidade não possa concretizar nosso sonho, vivê-lo em nossa intimidade pode fazer a diferença entre estar vivo novamente ou não.
Texto e fotos: Vera Alvarenga
a foto do pássaro é tirada de uma imagem da TV Cultura. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

O encontro...

Estavam frente a frente.
Coragem, não sentia
de dar mais um passo...
só mais um passo a distância
que, entre eles ainda se fazia.
Olharam-se nos olhos.
Ela corou, encabulada.
O que teria a oferecer-lhe
além da casca que a cobria?
Ele a reconheceria?
Se fossem outros tempos,
talvez, impetuosa ousasse atravessar
desertos em busca desta fonte e,
segura, por saber-se desejada,
nos braços dele se jogaria.
Agora, de nada mais sabia.
Justo quando se quer mais do amor
os sentidos parecem adormecidos!
O medo a arrebatou.
Não suportou encará-lo,
não por não querer amá-lo,
era da sede, o medo que sentia.
Como mostrar-lhe quem era
numa face que o tempo marcou?
Diante dele sentia-se menina
mas só a alma livra-se do tempo,
no espelho não se reconhecia.
A consciência de sua fragilidade
a obrigava à tortura de esperar
que fosse ele a saber que dos dois,
era o que primeiro deveria ousar.
Ele compreendeu e se aproximou
e, no mesmo instante, ela se moveu.
Desfez-se o medo dos corações.
Não se queriam perfeitos, nem ilusões!
Queriam-se assim mesmo, fragmentados,
vividos,sofridos ou marcados,
carentes de amor, cientes da verdade
que não segue a lógica da razão
mas da necessária compaixão que abraça
os que se descobrem imperfeitos.
Cruel e libertador este encontro de amor!
Na pele e no toque se reconheceram
e aceitaram-se em todos os limites
de sua recém descoberta humanidade.
Foi no espaço mágico e indescritível
entre a mente e o instintivo
que eles assim, se encontraram, e se amaram
como se o tempo para eles se curvasse
e da luz de um doce encantamento
permitisse que ali fosse feita a eternidade.

poema: Vera Alvarenga
foto: retirada do blog "diários de bordo" - não continha informação de autoria.

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