quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Queria não dormir...

Às vezes me lembro,
um dia, como se fosse hoje,
aquela doce quase certeza
de que seguindo pela estrada
veria seu rosto surgir
em meio à sombra ou à luz do sol,
e nosso tempo haveria de vir
então, apesar do medo, seguia,
na esperança de te encontrar,,,


Naquela tarde, ao fechar meus olhos
quase duvidava, já não sabia
se era real aquela imagem
que parecia desaparecer
ou era eu a imaginar.
E num esforço tremendo
tentava manter-me acordada,
eu não queria dormir
tinha urgência de amar...






domingo, 12 de fevereiro de 2012

Numa palavra, te guardei...

Não, não é vã persistência,
tolice ou inocência,
é como ciência, é natural
como nos ciclos de vida
o broto que procura a luz,
o cisne que busca a água,
o rio que nasce na fonte...
quando sinto saudade
te procuro no horizonte.
E esta busca que não termina,
este anseio que não passa,
não sossega porque é vital,
é vida, instinto, verdade,
é crença profunda da alma,
não tem mais nome e
se acalma ao se expressar.
Mas, se não te vejo,
se não posso te tocar,
se não me tocas,
onde irei te encontrar?
Nas lembranças que guardei,
naquilo que, por ti, criei,
na imagem que uso pra te representar,
no simbólico das palavras
que me fortalece e sustenta,
porque é ele, o que te contém.

Foto e poema: Vera Alvarenga 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nostalgia...

 Nostalgia...sentimento estranho,
é lembrança que vem como um ladrão
que enfia a mão no meu peito
na esperança de roubar de mim,
e os dedos rodopia,
num movimento vago
e toma para si, assim,
o que em mim florescia.
E pega, e tira e sai
levando o que me pertence,
um pedaço meu,
deixando no mesmo espaço,
uma coisa esquisita,
que não entendo, que me fita,
me encara, subjuga e vence.
E é neste momento que sinto
a falta do que nem pude saber,
a presença arrancada
da flor plantada com raízes,
nas entranhas do meu coração.
Quem tem barro nas mãos,
eu, você, nós?
Nostalgia, de quê?
Seria talvez da alegria,
que tomava conta de mim
e que tuas mãos me vinham trazer.

Foto e Poema: Vera Alvarenga


Tudo em paz, tudo bem.

Não, não estou só,
nem é solidão,
apenas sei o que cabe no coração.
Hei, espere um instante!
Lá ao longe,
vejo um aceno?
Alguém chegando
ou indo embora?
Um ponto distante,
um mito, sonho ou lenda,
do outro lado do oceano.
Melhor nem olhar,
melhor não saber,
se for adeus, nem quero ver.
Tá tudo em paz, tudo bem.
E, para dizer a verdade,
estou indo também.
Vou seguindo, levo meu cansaço,
que se desfaz no meu vôo,
quando mergulho no espaço
infinito de tudo o que não fiz,
daquilo que não conheço,
das vitórias que alcancei
ou do que jamais terei,
e mesmo do que tive e mereço.
Agora, apenas sei, o quanto levo de saudade.

Poema e fotos: Vera Alvarenga.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A senhora que passa pelas janelas...

Janelas...
Um dia, ela viu um homem
do outro lado de uma delas.
Ele lhe falou de si
de um jeito que não era o dele,
assim disse ele,
apenas um momento em que a dor
o fazia mostrar um lado íntimo da emoção,
uma face que ele acostumara a ocultar.
Ah... Janelas...
Em seu mais secreto mundo,
do lado de dentro de uma delas,
ela, que havia encarado a morte
e tinha sede de um sentimento profundo
que brotasse puro de um coração forte
mas gentil, bebeu daquela lágrima,
sentiu compaixão por ele e por si
que tanto estavam esquecidos do que podiam ser
e inocente pensou que, ali,
nascia delicado e verdadeiro amor.

Vieram os ventos,redemoinho, vendaval,
fecharam-se as janelas e mal se via nelas,
reflexo da luz que sempre nasce das sombras ,
e assim, aquela senhora que os viera visitar,
e numa das mãos sempre traz a morte
e na outra o doce lampejo da vida,
passou por entre as janelas
e voltou ao seu altar.
Porém, nenhuma tempestade assim tão grave
se faz sem propósito definido,
mesmo que de início, não compreendido,
o tempo lhes irá mostrar.
E agora, de cada lado de suas janelas,
na intimidade de seus espaços, e a sós,
ao perguntarem-se porque sofreram, sabem
agora, que morte e vida formam a mesma roda,
e a dor que dilacerou seus corações um dia vai passar.
Só um coração assim aberto pela dor,
compreende, aprende sobre o mais profundo amor,
que nasce da inocência e da compaixão.
E assim, cada um a seu modo e em seu lugar,
fará escolhas e estará pronto para, a si e outros, amar.

Foto e poema: Vera Alvarenga.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Janelas...olhos da alma...



São, meus olhos,
as janelas de minha alma?











Ou serão, as janelas,
os olhos através dos quais
compreendo o mundo?








O que compreendo do mundo tem,
certamente, um tempo,
que é o meu tempo,
aquele instante em que olho e vejo,
através delas...









O que vejo do mundo,
está no meu espaço,
ou no infinito de possibilidades
... dentro do que é finito
porque me pertence...
porque é até onde posso chegar,
de um modo ou de outro.





...e o que me pertence,
ora está na sombra,
que traz em si as possibilidades...









...ora está brilhando ao sol
na luz do que já é,
e por isto, dança alegremente.



Texto e fotos: Vera Alvarenga.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

" O homem do rio..."

Um homem, sua história,
uma mulher, o amor.
Desilusão, dor.
Sentimento, clamor,
esquecimento
de si, de tudo...
Abandonar a vida,
fazer-se mudo.
Só não deixar o amigo
que a ele segue,
companheiro fiel da sina
que o persegue :
loucura de amor!









Poema  e fotos: Vera Alvarenga

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