domingo, 25 de março de 2012

Em São Paulo...saudades ou nostalgia?

Outro dia comentei com uma amiga, que não costumava sentir saudades dos lugares que deixei, porque já mudei tantas vezes de bairro e cidades, que aprendi a me desapegar. Não tive tempo de concluir que desta vez, começo a sentir falta sim, de algumas coisas que tinha, no tempo em que morava na última cidade, Sorocaba.
Claro, em todas houve algo bom. Florianópolis,  o mar azul e lindo na praia onde caminhava nos finais de tarde, quando tinha tempo. Sensação boa andar descalça na areia, água molhando os pés, vendo aquele mundaréu de mar...na praia quase deserta.
 Esta noite sonhei que estava nadando numa piscina não muito funda, portanto, não tinha medo. Ia livre, como quando nadava em Birigui, sem tantos atrás de mim a forçar-me a um ritmo mais rápido do que aquele que me faz bem. Lembrei saudosa do clube daquela cidade. Piscina enorme e aquecida, cercada de coqueiros, onde eu decidi que aprenderia a nadar, mesmo sozinha. Observava outros e o salva-vidas e aprendi, no meu ritmo. Foi  uma saborosa vitória pessoal.
A gente pode estar numa daquelas fases em que tudo parece nos levar para baixo e então, decide aprender a nadar, soltar o corpo e se manter acima
d´água! Uma forma de vencer, em parte, o desafio.
 Nestes momentos pode acontecer de a gente conhecer alguém que aparece no meio da escuridão e brilha, pra nós, como uma estrela. Por esta pessoa amiga, a gente é capaz de sentimentos que dão sentido à vida. Porque já fomos capazes destes mesmos sentimentos, descobrimos que ainda somos. Nosso olhos e peito se enchem de amor, porque já temos este sentimento dentro de nós.
De algum modo, por mais triste e nostálgico que se torne um dia, é belo e ficará conosco como ternura a nos lembrar que o que sentimos é uma escolha  entre as sementes de nosso coração.
Não se cria a beleza do nada. Já está lá, nós a dedicamos a outro ou a reconhecemos nele, ou ainda, por sentirmos falta de ver seus frutos,  projetamos o desejo de a ver brotar de novo, fora de nós e para nós refletindo sua luz.
Sinto falta de poder pegar o carro e ir, mesmo sozinha, sem depender de outra pessoa que queira o mesmo que eu, para alcançar meu objeto de prazer. Em Sorocaba, após 20 minutos no máximo, eu chegava a um dos três lugares bucólicos, como o Zoológico, ou o clube de campo do SESI, ou o Parque do Campolim, para caminhar com segurança, relaxar e tirar fotos. Isto, aproveitei.Teria chegado aos cinemas em 10 minutos. Isto me escapou! Pois pensava que ir a certos lugares é como fazer sexo. Melhor a dois. Tem mais graça com companhia. Aqui em São Paulo é impossível demorar menos de 1 hora para chegar a qualquer destino. É preciso muita coragem para ir sozinha, e sorte para encontrar lugar para estacionar! Ter companhia já seria exigir demais!.rs..Então, não vou, ou não há onde ir.
Preciso descobrir como me encaixar aqui, voltar a meditar para recarregar baterias. Minha querida cidade natal, é uma cidade social mas solitária, rica e pobre, onde não é seguro andar sozinha num parque ou à noite, para se ir ao teatro, embora haja muitos.Cheia de contradições. É necessário que eu reaprenda o mapa, vá de carro a um estacionamento, para então aprender a andar de trem e depois de metrô, se quiser fazer um simples curso de fotografia! É uma cidade para jovens. Demora-se até 1 h. e meia para se chegar ao médico, mesmo que haja muitos.  Nunca pensei voltar e se o fiz, não foi por saudades da vida cosmopolita, mas acompanhando família/netos, estes sim, uma motivação forte. Então, ainda preciso de tempo para me acostumar com isto. Sinto saudades da liberdade de ter ao alcance o contato com uma vida mais natural - aqui, o natural é passear no Shopping ou fazer compras! Que bom estar aposentada e poder me adaptar aos horários menos piores para o trânsito. A maioria aqui, não tem esta escolha. Me acomodei ao meu sossego,embora não goste de isolamento. Por isto gostei de Sorocaba, é um bom meio termo. Talvez deva aprender agora a andar esbarrando na multidão! Antigamente, esta era uma cidade onde as pessoas não podiam perder tempo, hoje, perdem muito tempo no trânsito e aprenderam a ter paciência. Eu, preciso aprender a nadar mais depressa, se não quiser me afogar, ou passar a fazer musculação!
 Ainda bem que valorizei o que pude, do que tinha de bom, a cada tempo. Agora, é buscar adaptar-me.
Sem dúvida, pior do que sentir falta de coisas é sentir falta de alguém, que antes representava uma promessa, ponte, apoio, ou companhia e que de repente podemos nunca mais ver, ouvir, ou ter notícias.
Dizem que sentir saudades é algo mais leve do que nostalgia. Esta traz tristeza e abatimento em graus mais ou menos profundos, causados pelo afastamento de coisas ou pessoas que a gente ama e pelo desejo de as tornar a ter/ver.
Se é saudades ou nostalgia e se isto depende da profundidade do sentimento,não importa, só sei que às vezes, esta falta, eu a sinto lá nos ossos... profundamente, portanto. De uma pessoa, não de coisas.Coisas a gente substitui. Pessoas, acolhe e guarda na alma. E sente nostalgia, que vem como ondas do mar. Diferente, para cada um. Diferente em cada praia. Não era hábito meu sentir nostalgia de pessoas, do passado. Este sentimento me ligava a um amor idealizado, completo e belo, talvez divino e do qual, temos sorte em ter amostras. E as tenho.
"Se sinto falta, é porque já fui feliz com algo ou alguém que me fazia bem, e hoje não tenho ao alcance das mãos."
"Se tenho profundas saudades de você ou de como me sentia em sua presença, é porque já conheço este intenso sentimento."
Hoje, acordei saudosa de coisas simples e boas, e depois me aprofundei na nostalgia de um sentimento bom...de qualquer forma, olho ao redor e espero encontrar aqui, novamente um lugar onde possa de vez em quando me sentir "em casa", e enquanto isto não ocorre, pego um chocolate e um livro, e vou saborear cada um, do jeito que mais gosto.... feliz por poder fazê-lo.
Fotos e texto: Vera Alvarenga
E uma música linda com Vanessa da Mata... "Amado".

sábado, 17 de março de 2012

Fotos do belo que há pra ver...





Saudades de quando eu ia plena de amor,
como se de minha simplicidade me bastasse!









Quando a ingenuidade eram as asas
que me libertavam dos limites...











E há quem diga que de amor
não se pode viver!
Eles me disseram que,
só do belo, a vida não se faz!








Mas certamente podemos escolher
para onde direcionar o olhar.








Eles que me digam quando ficarem velhos,
como eu, ou se a velhice os cegar,
ou se o amor morrer!



Fotos e texto: Vera Alvarenga

terça-feira, 13 de março de 2012

Simples atributos

Sensibilidade...

   Delicadeza...

        Harmonia...

             Força...

                 Luz....



Simples atributos ? 
Basta olhar pra mim, pra encontrar...você...
Fotos e texto: Vera Alvarenga.
Música cantada por Fábio Jr.- Foi tão bom...


quinta-feira, 8 de março de 2012

Não sonho mais...


Ah, meu estranho, e singelo, e tão delicado amor,
sentimento que era meu e a ti dediquei com todos os riscos...
Já não desejo mais, que do alto dos teus vôos
me estendas a tua mão pra me levar contigo.
Já não penso no milagre que teria sido o novo, recomeçar.
Milagre maior teria sido e é, o próprio viver!
Tenho apenas minha história e nela o lugar para tua presença.
Me acostumei tanto com a solidão, que um dia me calei
e adormeci, e o tempo passou muito depressa.
Nem sei quando começou, o estar só, e quando achei natural.
Criei um mundo dentro de mim, efervescente de vida, e vivi.
De repente, estar suspensa no ar, porém longe de um coração
encantado tanto quanto estava o meu, não seria mais opção.
O ar já me faltava! As penas das asas, molhadas, que pena,
pesavam demais, levaram-me à terra e a ela, devolvi a semente.
Se houver outras em mim, brotarão da alma fértil, um dia
quem sabe, pois alma não envelhece. Ou a natureza instintiva,
buscará alegria nos amores que se façam em outro nível da espiral.
O coração? que dele transborde apenas o sentimento de gratidão.
E a tenho também por ti. Que se aquietem outras paixões.  
Só eu sei do silêncio que ouço, da jovem alma que seguia sózinha
por tempo demais antes de reencontrar o amado naquelas noites.
Ele, que a amava sempre e só de um mesmo gesto.
Mas o tempo de solidão foi maior que o tempo dos encontros!
Para ela, escutar a própria voz, se fazer ouvir e ver, tornou-se sede.
Desejo escondido, mal contido, que tu fizeste vir à superfície como
sonho possível, tempos depois, quando os ventos da primavera
te trouxeram. Mas, o silêncio desde sempre existiu entre os dois.  
O silêncio que antes, era quebrado apenas no momento do amor.
O amor que estava lá, não declarado, compartilhado como se fora
destino irremediável, mas forte, porém sem a alegria do que flui leve.
E ela se tornou a amante dele e esqueceu de que era também mulher.
Sei que preciso ouvir o lamento daquela que foi aquela jovem.
É necessário ouvir o pranto da alma, se a quiser resgatar.
Não sonho como antes. O que se torna real, amanhã me bastará outra vez.
Não posso mais sonhar ser diferente do que sou agora, 
a menos que decida, eu mesma, pegar estrelas no meu céu.
Não se pode conduzir uma árvore velha, como a um bonsai.
Me deito na cama que fiz macia para mim, onde tranqüila me aquieto,
e nos anos que me banham de prata os cabelos, vejo refletido o amor
não só da amante, mas de filha, irmã, mãe, mulher apaixonada, amiga...
Como em transe, procuro na natureza os sinais para compreender
o momento crucial em que me encontro, ponto exato entre estar em paz
ou encontrar-se presa na insensibilidade dos que perderam a alma.
Enquanto não me alegra o levantar da cama onde acordo mas não canto,
do leito onde descanso sem sonhar, sinto uma paz que ainda não reconheço.
Não sei por quais caminhos ela me levará, dou tempo ao tempo que avança.
Aos poucos, contudo, me fortaleço. Ainda vejo estrelas que iluminam o mundo.
À noite novamente abraço, e do fundo da alma agradeço tudo o que tenho.
Me convenço, me entrego ao ciclo que virá, tão certo como vêm as estações, 
e sou eu que devo mergulhar na paz que cabe a mim, e assim, me aconchego,
embora às vezes, ainda procure minha alma perdida,
e ainda que lembre o que não esqueço.


Texto em poema: Vera Alvarenga
músicas do youtube cantadas por Elis e Fábio Jr.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Fotos de Cisnes.

Não canso de olhar para a água, quando posso ver nela reflexos, e cores, e patos e cisnes...e os admiro.

A água de um lago com seus reflexos, os cisnes
nadando ali, me conectam com a tranquilidade que também está dentro de mim.
Então me sento na sombra de uma árvore e entro em contato com algo que é comum a nós, mas que
não posso descrever.















Fotos: Vera Alvarenga


quinta-feira, 1 de março de 2012

Amizade que resiste ...

 Então, não seria eu,
voz e forma corretas,
embora de mim partisse
o gesto como resposta
aos gestos que foram teus.
Não era nosso, o momento.
E assim aconteceu
que não ouvimos poetas,
não falamos de amores
antes que o sol surgisse,
nem fizemos de sonhos,
alguma vida a renascer.
Cara a cara nos encontramos,
nos tocamos apenas enquanto,
um corte no espaço do tempo,
abria uma ferida em nós,
roubando-nos, da vida, o encanto.
Quem sabe, ainda nos encontremos
um dia, em algum outro ponto
do caminho onde andarmos,
e nosso olhar, meio tonto,
de ternura e doce surpresa,
talvez nos faça lembrar e saber,
que o que restou, a amizade,
é mais do que sonhamos,
vale mais do que os amores,
não definha nela, o bem querer.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobrado antigo.

Estou no velho e descolorido
sobrado onde sempre morei.
Vejo no quintal a menina
que brinca sozinha e sorri.
Dentro da casa, a mulher
ardente, apaixonada, criativa,
deveras ocupada, a atenção
dividida, a prover, sustentar,
dando de comer, conquanto
não se restrinja a amamentar.
Limpa, enfeita, organiza,
pinta, perfuma, idealiza
em alegre, febril correria,
a casa onde já habitei
e que lembro com nostalgia.
Mas... não tenho tempo para elas!
Embora o meu tempo finja que agoniza
tenho, ainda, outro lugar para ir,
um espaço por demais conhecido,
onde era preciso ir sempre sòzinha,
para onde é sempre bom voltar.
Subo a escada e as encontro:
- Ah! Vocês, aqui, no meu sótão ?!
Exclamo como quem sabia, e
não se surpreende de as encontrar.
E choramos, e rimos, e dançamos,
e a poeira levanta, nos faz mal,
tossimos, caímos cansadas ao chão,
mas ainda bastante determinadas
a remexer naquele antigo baú,
a procura dos tesouros que guardamos.

Poema: Vera Alvarenga
Foto: retirada do Google images.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Queria não dormir...

Às vezes me lembro,
um dia, como se fosse hoje,
aquela doce quase certeza
de que seguindo pela estrada
veria seu rosto surgir
em meio à sombra ou à luz do sol,
e nosso tempo haveria de vir
então, apesar do medo, seguia,
na esperança de te encontrar,,,


Naquela tarde, ao fechar meus olhos
quase duvidava, já não sabia
se era real aquela imagem
que parecia desaparecer
ou era eu a imaginar.
E num esforço tremendo
tentava manter-me acordada,
eu não queria dormir
tinha urgência de amar...






domingo, 12 de fevereiro de 2012

Numa palavra, te guardei...

Não, não é vã persistência,
tolice ou inocência,
é como ciência, é natural
como nos ciclos de vida
o broto que procura a luz,
o cisne que busca a água,
o rio que nasce na fonte...
quando sinto saudade
te procuro no horizonte.
E esta busca que não termina,
este anseio que não passa,
não sossega porque é vital,
é vida, instinto, verdade,
é crença profunda da alma,
não tem mais nome e
se acalma ao se expressar.
Mas, se não te vejo,
se não posso te tocar,
se não me tocas,
onde irei te encontrar?
Nas lembranças que guardei,
naquilo que, por ti, criei,
na imagem que uso pra te representar,
no simbólico das palavras
que me fortalece e sustenta,
porque é ele, o que te contém.

Foto e poema: Vera Alvarenga 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Nostalgia...

 Nostalgia...sentimento estranho,
é lembrança que vem como um ladrão
que enfia a mão no meu peito
na esperança de roubar de mim,
e os dedos rodopia,
num movimento vago
e toma para si, assim,
o que em mim florescia.
E pega, e tira e sai
levando o que me pertence,
um pedaço meu,
deixando no mesmo espaço,
uma coisa esquisita,
que não entendo, que me fita,
me encara, subjuga e vence.
E é neste momento que sinto
a falta do que nem pude saber,
a presença arrancada
da flor plantada com raízes,
nas entranhas do meu coração.
Quem tem barro nas mãos,
eu, você, nós?
Nostalgia, de quê?
Seria talvez da alegria,
que tomava conta de mim
e que tuas mãos me vinham trazer.

Foto e Poema: Vera Alvarenga


Tudo em paz, tudo bem.

Não, não estou só,
nem é solidão,
apenas sei o que cabe no coração.
Hei, espere um instante!
Lá ao longe,
vejo um aceno?
Alguém chegando
ou indo embora?
Um ponto distante,
um mito, sonho ou lenda,
do outro lado do oceano.
Melhor nem olhar,
melhor não saber,
se for adeus, nem quero ver.
Tá tudo em paz, tudo bem.
E, para dizer a verdade,
estou indo também.
Vou seguindo, levo meu cansaço,
que se desfaz no meu vôo,
quando mergulho no espaço
infinito de tudo o que não fiz,
daquilo que não conheço,
das vitórias que alcancei
ou do que jamais terei,
e mesmo do que tive e mereço.
Agora, apenas sei, o quanto levo de saudade.

Poema e fotos: Vera Alvarenga.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A senhora que passa pelas janelas...

Janelas...
Um dia, ela viu um homem
do outro lado de uma delas.
Ele lhe falou de si
de um jeito que não era o dele,
assim disse ele,
apenas um momento em que a dor
o fazia mostrar um lado íntimo da emoção,
uma face que ele acostumara a ocultar.
Ah... Janelas...
Em seu mais secreto mundo,
do lado de dentro de uma delas,
ela, que havia encarado a morte
e tinha sede de um sentimento profundo
que brotasse puro de um coração forte
mas gentil, bebeu daquela lágrima,
sentiu compaixão por ele e por si
que tanto estavam esquecidos do que podiam ser
e inocente pensou que, ali,
nascia delicado e verdadeiro amor.

Vieram os ventos,redemoinho, vendaval,
fecharam-se as janelas e mal se via nelas,
reflexo da luz que sempre nasce das sombras ,
e assim, aquela senhora que os viera visitar,
e numa das mãos sempre traz a morte
e na outra o doce lampejo da vida,
passou por entre as janelas
e voltou ao seu altar.
Porém, nenhuma tempestade assim tão grave
se faz sem propósito definido,
mesmo que de início, não compreendido,
o tempo lhes irá mostrar.
E agora, de cada lado de suas janelas,
na intimidade de seus espaços, e a sós,
ao perguntarem-se porque sofreram, sabem
agora, que morte e vida formam a mesma roda,
e a dor que dilacerou seus corações um dia vai passar.
Só um coração assim aberto pela dor,
compreende, aprende sobre o mais profundo amor,
que nasce da inocência e da compaixão.
E assim, cada um a seu modo e em seu lugar,
fará escolhas e estará pronto para, a si e outros, amar.

Foto e poema: Vera Alvarenga.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Janelas...olhos da alma...



São, meus olhos,
as janelas de minha alma?











Ou serão, as janelas,
os olhos através dos quais
compreendo o mundo?








O que compreendo do mundo tem,
certamente, um tempo,
que é o meu tempo,
aquele instante em que olho e vejo,
através delas...









O que vejo do mundo,
está no meu espaço,
ou no infinito de possibilidades
... dentro do que é finito
porque me pertence...
porque é até onde posso chegar,
de um modo ou de outro.





...e o que me pertence,
ora está na sombra,
que traz em si as possibilidades...









...ora está brilhando ao sol
na luz do que já é,
e por isto, dança alegremente.



Texto e fotos: Vera Alvarenga.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

" O homem do rio..."

Um homem, sua história,
uma mulher, o amor.
Desilusão, dor.
Sentimento, clamor,
esquecimento
de si, de tudo...
Abandonar a vida,
fazer-se mudo.
Só não deixar o amigo
que a ele segue,
companheiro fiel da sina
que o persegue :
loucura de amor!









Poema  e fotos: Vera Alvarenga

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Repetir o mesmo padrão,pode ser uma arte...

   Ultimamente percebo que venho repetindo algumas idéias ou descobertas, nos textos que escrevo. Repetidamente falo do bem que o amor faz, do mal que sua ausência em nós pode causar.
  E por que repito? Será que me esqueço que já falei ou porque algo me fere, ou me emociona ou me encanta de tal maneira que, tendo ficado em mim, acaba povoando meus pensamentos e atos? De tudo o mais, esqueço  facilmente...
  Repito, não nego, mas a cada vez, talvez porque me esqueça como o disse antes, faço-o de uma nova forma.
  Algumas coisas a gente repete porque chocou, sacudiu e parece que precisamos mais tempo para metabolizar tudo o que houve em nós com o susto, a surpresa ou o choque. Até arte se faz muitas vezes, repetindo o mesmo padrão. Escher faz isto em seus desenhos, em busca de representar o infinito. E nós, repetimos o mesmo padrão daquilo que ficou marcado em nós, mesmo que não percebamos muito conscientemente.
  Algumas coisas repito porque gosto, me causam sensação de bem estar, de "estar em casa"...confessá-las, lembrar delas, desejar e então repetir algo concretizado, pode ser algumas vezes ,como beijar o homem amado. Me faz rir baixinho de alegria, me dá prazer, é bom. E o que a gente já sabe que é bom, a gente quer repetir ( estranho seria se não quisesse!). Andam dizendo que a gente não pode esperar repetir um momento glorioso, mas pudera, não é preciso desejar fazê-lo da mesma forma, não é? E por que não repetir? Por que não o desejo de repetir o que conhecemos, se gostamos de fazê-lo a cada manhã quando se trata de acordar bem e ver que temos mais um dia da mesma vida para viver! A gente quer repetir, nem que seja só em pensamento, nem que seja só pra lembrar como é boa a sensação que tem quando encontra aquilo que nos agrada, que é importante ou fundamental. A lembrança de uma boa emoção pode agir como um suave perfume que vem não se sabe de onde mas agrada aos sentidos e nos relembra o caminho. Quem já teve o prazer de trabalhar com algo que despertasse sua paixão, por exemplo, procurará este caminho para sua nova profissão. Quando eu penso em algumas emoções que já senti, me pego sorrindo e, por este instante trago o prazer para o meu momento presente...imagine quando são emoções por algo vivido completamente! rs.....
Repetir, pode ser também como abraçar a pessoa que a gente ama ou estava com saudades. Isto sim, com certeza, se eu puder vou fazer muitas vezes.
  Não deve ser fácil viver desejando sempre emoções novas e superficiais. Não sei como vivem os que evitam se aprofundar ou crer em seus instintos quando encontram o que ou quem os inspire, ou não se permitem repetir e demorar-se naquilo ou com aquele que lhes dá prazer... O medo de não sentir o mesmo que antes foi possível sentir, também nos amortece. Tudo porque pensamos que o mal está em repetir, quando na verdade está em temer a aproximação, a repetição e a intimidade seja lá com o que estejamos a fazer, e é muitas vezes isto que nos aproxima mais da sensação infinitamente boa de chegar lá e ser feliz, não importa por quantos minutos, nem com quantos detalhes iguais. Podemos ser felizes por segundos, por qualquer coisa tola ou singela, mas repetidamente isto nos trará energia para enfrentar os momentos difíceis da vida em que felicidade não puder ser uma opção.
  Vou parar por aqui, ou ficarei falando de amor, e me repetindo, me repetindo...
  Texto: Vera Alvarenga
Fotos de desenhos de Escher, no blog Imagens com texto de JJ.Amarante (http://imagenscomtexto.blogspot.com/2010_10_01_archive.html)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Surpresa!

A vida é mesmo cheia de surpresas!
Agora que moro em apartamento e em São Paulo, vejam só o que vi, em frente onde moro, quando ia a pé até a padaria.
Uma família graciosa... Eram cinco.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O espírito do pássaro dourado...

 A vida precisa de magia e da nossa própria permissão para sermos felizes, acalentando sonhos que fazem parte do deixar viver em nosso ser mais íntimo, nossos desejos instintivos, reflexo da busca de uma felicidade e equilíbrio que nos deixa em paz, leves e bem.
 Às vezes a gente esquece disto - do direito de juntar com carinho os nossos pequenos pedacinhos e de os montar de novo e de novo, quando necessário, como num mosaico lindo de nossa alma, que precisa renovar-se em nova paisagem criativa. Isto nos fará de novo brilhar com a luz do sol ou das estrelas, e nos sentir curados, porque não é possível ir para o deserto e lá viver eternamente,mais do que o tempo necessário para lembrarmos do que somos.
Eu finalmente compreendi...
...que por amor, interiorizei o espírito do pássaro dourado, o que vinha me visitar e que me despertou o desejo de sair à luz do sol. Não deste sol do mundo, mas o do ser. Ao fazer dele parte de mim, aconcheguei em meu peito uma ilusão, diriam alguns.    
   Mas está aí a magia do sonho e do amor! O amor que nele está porque nele coloquei, neste encontro na intimidade do meu ser, permite que sejam mostradas as nossas faces vestidas do sonho, sem pudor ou qualquer sentimento de inadequação, e assim podemos voltar a ser naturalmente, o que somos. Torna-se possível voltar a gostar de ser o que sou. Encontro os meus pedacinhos que julgava perdidos e construo-me lentamente de novo, com a certeza de que vivo ainda, em mim. Trago-o agora em meu coração e ele é meu. Às vezes, quase o perco novamente e temo não ser capaz do que era, mas então percebo como é importante que eu o encontre...o amor. Dele, que me traz através do meu sonho e na minha intimidade a lembrança de minha força instintiva, cuido com carinho, porque enquanto estiver dentro de mim, não me deixará esquecer o que sou e porque ainda estou aqui. E estou aqui ainda, para amar. Estando no meu íntimo, me empresta o sentimento de me saber inteira. E com ele, vivo em segredo o meu ser. E ele ainda vive comigo, a despeito de tudo, num lugar entre a lógica e meu instinto de sobrevivência.
Penso que nos sentimos perdidos quando não sabemos onde colocamos o amor que por vezes, ressurge  nas asas de um pássaro dourado como o próprio desejo de viver o que ainda podemos ser. E mesmo que, do outro lado a realidade não possa concretizar nosso sonho, vivê-lo em nossa intimidade pode fazer a diferença entre estar vivo novamente ou não.
Texto e fotos: Vera Alvarenga
a foto do pássaro é tirada de uma imagem da TV Cultura. 

sábado, 7 de janeiro de 2012

O encontro...

Estavam frente a frente.
Coragem, não sentia
de dar mais um passo...
só mais um passo a distância
que, entre eles ainda se fazia.
Olharam-se nos olhos.
Ela corou, encabulada.
O que teria a oferecer-lhe
além da casca que a cobria?
Ele a reconheceria?
Se fossem outros tempos,
talvez, impetuosa ousasse atravessar
desertos em busca desta fonte e,
segura, por saber-se desejada,
nos braços dele se jogaria.
Agora, de nada mais sabia.
Justo quando se quer mais do amor
os sentidos parecem adormecidos!
O medo a arrebatou.
Não suportou encará-lo,
não por não querer amá-lo,
era da sede, o medo que sentia.
Como mostrar-lhe quem era
numa face que o tempo marcou?
Diante dele sentia-se menina
mas só a alma livra-se do tempo,
no espelho não se reconhecia.
A consciência de sua fragilidade
a obrigava à tortura de esperar
que fosse ele a saber que dos dois,
era o que primeiro deveria ousar.
Ele compreendeu e se aproximou
e, no mesmo instante, ela se moveu.
Desfez-se o medo dos corações.
Não se queriam perfeitos, nem ilusões!
Queriam-se assim mesmo, fragmentados,
vividos,sofridos ou marcados,
carentes de amor, cientes da verdade
que não segue a lógica da razão
mas da necessária compaixão que abraça
os que se descobrem imperfeitos.
Cruel e libertador este encontro de amor!
Na pele e no toque se reconheceram
e aceitaram-se em todos os limites
de sua recém descoberta humanidade.
Foi no espaço mágico e indescritível
entre a mente e o instintivo
que eles assim, se encontraram, e se amaram
como se o tempo para eles se curvasse
e da luz de um doce encantamento
permitisse que ali fosse feita a eternidade.

poema: Vera Alvarenga
foto: retirada do blog "diários de bordo" - não continha informação de autoria.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Meus convidados no Ano Novo...

Como sabem, mudei-me de cidade antes do Natal.
E hoje venho aqui para desejar aos amigos um maravilhoso ano de 2012, com Saúde, disposição, sucesso, coragem e determinação, além é claro do amor, indispensável para os momentos de felicidade e da fé em Deus, indispensável para pensarmos que há um significado para tudo, mesmo que não possamos compreender.
Agora moro novamente em São Paulo, onde nasci.
Estava com medo de voltar a morar aqui afinal, o trânsito, barulho e energia desta cidade agitada não combinam mais com o ritmo de vida que quero pra mim agora.
 Sempre que posso, assim que me vejo dentro de um "barco", procuro colocar os dois pés dentro e o melhor lugar para sentar-me, a fim de tirar proveito da viagem.
Foi assim que agarrei as chances e me coloquei num lugar agradável para morar,onde as árvores me trazem a visita dos meus amigos pássaros que, alados como eu, procuram voar em busca de seus momentos de felicidade.
E foi com alegria que eu recebi meus primeiros visitantes : O Sanhaço, a Cambacica, O Bem-te-vi e o Sabiá Laranjeira.

Com sorte, um dia ainda receberei também a visita do meu pássaro dourado, que trará em suas asas, de novo, pólen de dourado brilho junto com os raios de sol, que iluminarão ainda mais as minhas manhãs.

De qualquer modo, embora esteja novamente nesta cidade de concreto, as árvores estão mais próximas a mim, neste bairro que as preservou e eu me sinto feliz e grata por isto.

FELIZ 2012 PARA TODOS NÓS!!
Texto e fotos: Vera Alvarenga.

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